Em 2020 os trabalhadores na Toyota em São Bernardo do Campo, junto com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a empresa, aprovaram um Plano de Demissão Voluntária (PDV), após decisão da empresa em abril de fechar a fábrica, à época. E assim foram as notícias na maioria dos jornais.
Mas o outro lado da história não é bem assim que está sendo contada, funcionários contam que houve pressão para aceitarem o acordo, e até mesmo uma assembleia viciada, segundo um dos denunciantes, o ex-diretor sindical, Jovelino Gil, o Marrom, “em assembleia viciada, a empresa, com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, convocou todo o chão de fábrica, para votarem e garantindo assim a aprovação, ainda que o PDV 2020 não fosse destinado a esse público”, denuncia o ex-diretor.
“Após garantir a aprovação de PDV por meio de fraude, a empresa promoveu: dispensa discriminatória, e coagiu todos os empregados que na visão deles (empresa), deveriam estar de acordo com o PDV/2020. As pessoas com mais tempo na empresa, os funcionários com doenças contraídas no desempenho da sua função, mulheres em licença maternidade, pessoas em tratamento de câncer, imploraram para continuar na empresa, mas foram coagidos, ameaçados, obrigados a assinar o PDV/2020”, relatou o ex-diretor sindical e ex-funcionário da empresa.
A ex-funcionária IRMR, foi uma das demitidas e que implorou para não ser desligada, ela trabalhou na Toyota do Brasil em São Bernardo do Campo durante 27 anos e relata sua dor com a demissão em um momento em que se encontrava doente, com câncer. “Eu estava doente, tratando um câncer, eu implorei para não assinar o PDV 2020, eu estava com medo de morrer, precisava ficar e continuar o tratamento médico, a Toyota não se importou e me obrigou a assinar o (PDV). Depois de vinte e sete anos da minha vida dedicada à Toyota, eu merecia o mínimo de respeito e consideração”, disse a ex-funcionária.
Um outro funcionário, RM, trabalhou na Toyota do Brasil durante 26 anos, em sua função, utilizou diversos produtos químicos, e segundo o advogado do caso, Marco Vieira, “o levou a contrair fibrose no fígado”. Ainda segundo os denunciantes outras pessoas que trabalharam com ele também contraíram a mesma doença, mas, não tiveram a mesma sorte e faleceram. “A empresa tinha como modus operandi, dispensar os funcionários doentes, pois tinha acesso aos prontuários médicos desses, os despediam antes que houvesse relação entre a doença contraída e os produtos usados na produção”, revela Marco Vieira.
Em 2021, Jovelino Gil, diretor sindical na Toyota do Brasil e que participou ativamente das negociações do PDV/2020, denunciou o sindicato e a Toyota de planejarem toda essa demissão ‘fraudulenta’. “A Toyota e o Sindicato planejou tudo, o PDV/2020 tinha objetivo de se livrar dos funcionários do administrativo, eles planejaram tudo, a diretoria e o sindicato, e fizeram um PDV fraudado em 2020”, revela Jovelino, que foi diretor sindical e ex-funcionário da empresa por mais de 30 anos, participou de todas as reuniões e negociações do PDV/2020, e completou: “houve uma reunião entre a direção do sindicato e a diretoria da empresa, eles disseram que fariam dois PDV’s”.
Denúncia foi feita no MP que prorrogou um ano o caso
Em 2022 o grupo de funcionários (178 pessoas) protocolizaram uma denúncia no Ministério Público do Trabalho, para tentar a anulação do PDV/2020, e consequentemente, reparação dos danos. Esta denúncia resultou no procedimento administrativo (PA-PROMO 004155.2022.02.000) que corre perante a Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região em São Paulo. “Após diversas petições em 2023, foi solicitado que testemunhas fossem ouvidas, ou que fosse mediado acordo com vistas a reparação do dano causado, o MPT (Ministério Público do Trabalho) não acolheu nossos pedidos, não convocou as testemunhas listadas, não decidiu o caso e prorrogou o procedimento administrativo por mais 365 dias”, revela o advogado Marco Vieira.
.A Toyota acaba de anunciar R$ 11 bilhões nas suas plantas de Sorocaba
Nesse mês de março a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) programou a liberação de R$ 1 bilhão de crédito acumulado de ICMS à Toyota do Brasil, por meio do Programa ProVeiculo Verde. "Hoje é um dia histórico para a indústria automobilística brasileira, mais que isso: é um dia importante para o desenvolvimento econômico do nosso estado de São Paulo”, ressaltou Kinoshita. “A Toyota acaba de anunciar R$ 11 bilhões nas suas plantas de Sorocaba e Porto Feliz. Tudo isso viabilizado pela visão modernizante que o nosso governador Tarcísio vem implementando no nosso Estado com a sua política de devolução de créditos acumulados de ICMS", completa o titular da Sefaz-SP.
Resposta da Toyota sobre o caso
Carolina Cachoni, gerente de atendimento da Toyota na Giusti Creative PR, nova agência de relações públicas no Brasil respondeu aos questionamentos do Portal ABC News.
A Toyota do Brasil informa que os PDVs de 2020 e 2022 da planta de São Bernardo do Campo (SP) foram negociados em momentos distintos e sob diferentes contextos. Ambos tiveram seus termos e condições definidos em negociações legítimas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e aprovados pelos trabalhadores em Assembleia Soberana, devidamente cumpridos e totalmente custeados pela empresa brasileira.
Cientes dos pacotes de PDVs e transferência, cada empregado, individualmente, teve tempo para refletir e optar por aderir ou continuar trabalhando normalmente. Aqueles que se decidiram pelo pacote comunicaram a fabricante por escrito.
Ao longo desses 66 anos de história com o Brasil, a Toyota sempre esteve atenta às questões de proteção e cuidado com o meio-ambiente e adota todas as medidas necessárias à sua preservação, seguindo os mais altos padrões internacionais, e em estrita conformidade com a legislação brasileira. A empresa confirma que nunca lhe foi imputada qualquer prática indevida e que atua em conjunto com a Cetesb na preservação dos entornos de suas plantas.
A empresa ratifica que seguirá com sua postura de manter o diálogo aberto e respeitoso com todos os agentes da sociedade.
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