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Prefeito Lauro Michels Sobrinho[/caption] A função primordial da imprensa é fiscalizar o poder e informar a sociedade. Além disso, notícia que não incomoda não é notícia. Porém, no jornalismo há um expediente chamado “off”, ou seja, uma informação passada pela fonte que pede para não ser divulgada. E por que estamos abordando esse tema? Há cerca de dois meses eu estive em uma agenda do prefeito Lauro Michels que não foi divulgada à imprensa. Uma fonte informou o jornal que ele estaria na EMEB Maria Clara Jacob Machado, conhecida como Creche Ilhéus, no Jardim Inamar. Na ocasião, fomos questionar o prefeito sobre a atraso na entrega dos uniformes das crianças e a falta de mochilas e tênis. No decorrer da conversa, abordamos a questão do Hospital Público de Diadema, cujo prédio é do INSS, que por sua vez agora o quer de volta, e só falta um mês para o prazo terminar. O prefeito quer pegar emprestado com a Caixa Econômica Federal R$ 124 milhões e construir um novo hospital. Na época, o projeto que Michels mandou à Câmara de Diadema foi retirado pelo próprio governo que temia que o mesmo fosse rejeitado pelos vereadores, que apontaram “imaturidade” e falta de informações - o texto do projeto continha apenas duas páginas. Apenas duas folhas para explicar um projeto tão complexo causou estranheza. Na conversa com o prefeito, que estava sendo gravada, ele disse que “os vereadores não sabem nem o que estão fazendo na Câmara”. Ao menosprezar o Legislativo, Michels “esquece” que foi vereador por dois mandatos. Mas sua arrogância e desrespeito com os parlamentares faz parte de sua índole. A entrevista foi gravada e acompanhada por seus assessores. Mesmo assim, o prefeito não hesitou em atacar a postura dos vereadores por não aprovarem o projeto. Ele queria que o recado fosse dado. Porém, todos vereadores, até mesmo os do PV, que faz parte do seu governo, questionaram o projeto e assinaram um requerimento pedindo explicações. Michels, no entanto, não respondeu. Ele ignorou o pedido de informações e deixou o tempo passar. Hoje, Lauro Michels se esconde e não fala com os principais interlocutores da sociedade, que somos nós da imprensa. Durante a nossa conversa, gravada, o prefeito atacou duramente o “Diário do Grande ABC” e afirmou que o jornal achacava as prefeituras. “Espero que o Diadema News não replique matéria mentirosa,” bradou, referindo-se à publicação daquela segunda-feira, 2 de abril, sobre o aumento de 7.325 para 71.963 pessoas nas filas para consultas nos hospitais de Diadema, gerando crise aguda no sistema de saúde da cidade. Deixar de informar atos de governo pode ser considerado improbidade, uma vez que o país tem a Lei de Acesso à Informação, que preconiza a transparência das gestões públicas. A imprensa tem outros meios de conseguir informação para publicar as notícias com seriedade. Mas é obrigação dos políticos dar satisfação aos seus eleitores e à sociedade em geral. Todos têm o direito de saber o que o prefeito pretende fazer com a cidade. Usar com responsabilidade o dinheiro oriundo dos impostos é uma obrigação que lhe foi conferida na urna. O jornal está a serviço do público, da sociedade. A imprensa existe para fiscalizar, para apontar os problemas e trazer os temas relevantes para o debate. Ao negar a transparência na gestão, o prefeito distorce informações e mente para a população. Em um informativo chamado Diadema em Pauta, por exemplo, Michels disse que a Fábrica de Cultura e a Rede Lucy Montoro haviam sido entregues, o que é falso. Até hoje não se faz uso dos dois equipamentos, que foi manobra do prefeito e do governador Geraldo Alckmin para fazer publicidade. Em texto elaborado pela assessoria de comunicação sobre um evento recente no Campo do Piraporinha, a prefeitura nega completamente a existência do projeto Água Santa. Prefeito Lauro Michels, entenda de uma vez por todas: a imprensa é fundamental para a Democracia.
Elias Lubaque é jornalista e diretor responsável do Diadema News