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Conectados e vulneráveis: a urgência de proteger nossas crianças no ambiente digital

Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-HC), crianças com menos de 13 anos não têm maturidade neuropsicológica para lidar com as redes sociais

17/04/2025 21h32
Por: Portal ABC News Fonte: Salvatore Saggio
Criança concentrada nas redes sociais
Criança concentrada nas redes sociais

Nos últimos dias, o país acompanhou com tristeza mais um caso envolvendo o uso indevido de celulares por crianças. Uma menina de 8 anos perdeu a vida após participar de um “desafio” encontrado em uma rede social, no qual inalou desodorante aerossol. Há menos de um mês ocorreu algo similar com uma garota de 11 anos. Ambos os episódios revelam uma realidade alarmante: os pequenos estão cada vez mais acessando conteúdos inadequados, sem filtros ou orientação, dentro das próprias casas.

De acordo com levantamento do Instituto DimiCuida, nos últimos dez anos já foram contabilizadas 56 mortes de crianças no Brasil relacionadas a desafios perigosos encontrados na internet. Esses fatos nos obrigam a olhar com seriedade para o uso precoce e desregulado da tecnologia por menores de idade.

Enquanto o debate sobre celulares em sala de aula se concentra em atenção e rendimento escolar, dentro de casa o problema assume proporções ainda mais delicadas e, por vezes, fatais.

Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-HC), crianças com menos de 13 anos não têm maturidade neuropsicológica para lidar com as redes sociais. Isso as torna especialmente vulneráveis a riscos como conteúdos nocivos, vício em telas, baixa autoestima causada pela comparação constante com os outros colegas e a busca incessante por validação digital. Esses fatores, aliados à curiosidade e à necessidade de pertencimento, facilitam a exposição a desafios virais, conteúdos agressivos e publicidade disfarçada.

É papel dos pais e responsáveis estabelecer limites claros e acompanhar ativamente o que os filhos consomem. Mais do que restringir, é necessário dialogar, orientar e estar presente. As escolas também têm papel fundamental nesse processo, criando espaços de debate, orientando os estudantes desde cedo sobre os riscos digitais e contribuindo com ações educativas que envolvam também as famílias.

Mas essa responsabilidade não pode recair apenas sobre as famílias ou instituições de ensino. É imprescindível que o Estado avance na criação e aplicação de políticas públicas voltadas à proteção digital da infância. Diante desse caso recente, o Ministério da Justiça anunciou que estuda medidas para proteger crianças na internet, incluindo o desenvolvimento de um aplicativo de controle parental.

Da mesma forma, as plataformas digitais precisam ser reguladas com firmeza. A ausência de limites claros e a falta de filtros adequados para menores de idade contribuem diretamente para a propagação de conteúdos perigosos. A regulação das redes sociais é urgente e deve incluir a responsabilização das empresas por aquilo que circula e atinge crianças e adolescentes.

O cuidado com o universo digital é tão necessário quanto o cuidado no mundo real. E isso só será possível com a união de esforços entre famílias, educadores, autoridades e sociedade civil. Proteger a infância também é garantir um ambiente digital mais seguro, ético e saudável.

Salvemos nossas crianças.

 

Salvatore Saggio, diretor de Planejamento do Centro de Estudos Júlio Verne

 

 

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